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Favela Nova Jaguaré - Setor 3, Brasil

  • Mateus Marcarini Zon
  • 30 de out. de 2017
  • 3 min de leitura

Local: Favela Nova Jaguaré, São Paulo - São Paulo, Brasil

Projeto: 2012

A Favela Nova Jaguaré é uma das ocupações irregulares mais antigas de São Paulo, Brasil. Registros datam que as primeiras edificações foram construídas no início da década de 1960 sobre terreno destinado à implantação de área verde devido ao parcelamento da gleba promovido pela Companhia Imobiliária Jaguaré.

Tendo em vista sua localização e nível de precariedade da ocupação, a área foi objeto de várias propostas e intervenções por parte do poder público. Em especial a área do Setor 3 passou por dois processos de ocupação irregular, tendo sido o segundo ciclo de construções irregulares edificado sobre obras de contenção realizadas no início da década de 1990, o que acabou por resultar novamente em área desprovida de infraestrutura e em condição de risco iminente de deslizamento.

Com isso as propostas de intervenção são inseridas no planejamento das ações de urbanização como ação pontual para qualificação urbano-ambiental desse setor da comunidade, visando devolver aos habitantes o caráter público, de maneira lúdica e ilustrativa, através do uso de cores e circulação bem definida. Ademais essa intervenção visou mudar o paradigma local de violência por estar situado em área considerada com alto índice de criminalidade. O processo de transformação da área, para garantia das condições planejadas, ocorreu a partir da demolição das edificações em situação de risco, viabilizando a construção de estruturas de estabilização geotécnica, e implementação de sistemas de infraestruturas para drenagem pluvial, redes de esgoto, abastecimento de água.

Antes Depois

É necessário frisar que as diferentes intervenções não devem levar em consideração fatores como localização, escala e necessidades, neste caso e em muitos outros podemos ver que todos tem direito a urbanização mínima que deve ser garantida a fim de promover uma cidade e, consequentemente, espaços saudáveis. O importante é a interligação do projeto com os meios já existente sejam eles, meios de transporte, comunicação, circulação, entre outros.

O ponto principal do projeto é o eixo de circulação que conecta o bairro, com um desnível de 35m. Nos patamares há presença de equipamentos e espaços que auxiliam e dão força ao projeto promovendo atividades de esporte, lazer e recreação. Este eixo é marcado por uma série de dispositivos de circulação, como escadas, rampas e passarelas confeccionadas em estrutura metálica, que exploram de maneira lúdica o percurso permitindo que o pedestre desfrute das visuais do Vale do Rio Pinheiros, Pico do Jaraguá e demais cenários que se descortinam a partir daquele local.

O Centro Comunitário, projetado para abrigar um espaço de informática, abriga em sua cobertura uma praça-mirante em concreto, último nível completamente acessível sem a utilização de escadas. Sua localização é estratégica: além de estar no centro da intervenção e permitir o avanço da laje que conforma a praça seca, suas paredes fazem parte da estrutura de contenção dos taludes.

Acessos secundários foram criados para viabilizar novas possibilidades de percurso e conexão com as Ruas e Vielas do entorno e permitir o acesso a veículos de serviços públicos no miolo da quadra anteriormente obstruída pelas ocupações. Compondo a intervenção urbanística encontram-se os murais de Maurício Adnolfi, que tem como conceito enfatizar os níveis da praça a partir da predominância de cores, partindo do amarelo (relação com a terra), passando pelo verde em níveis intermediários (relação com os jardins) e chegando ao azul (numa referência ao céu), dotando de arte o espaço público.

Em face desses argumentos podemos caracterizar esse espaço público, alvo de intervenção urbana, como um indutor urbano visto que atende as necessidades da comunidade e tem seu uso bem estabelecido. A disposição dos espaços juntamente com a escada torna-se ponto de partida e articulador, o fato de os patamares desenvolverem atividades quebra o percurso fazendo com que seja menos cansativo e entediante. O Centro Comunitário além de estar em uma localização que auxilia o uso do espaço tem importância estrutural e social. A cada instante o pedestre é valorizado, seja por meio da cor ou do espaço integrante. Os murais de Maurício Adnolfi enfatiza os níveis da praça a partir das cores que foram pensadas exatamente para esse caso: partindo do amarelo (relação com a terra), passando pelo verde em níveis intermediários (relação com os jardins) e chegando ao azul (numa referência ao céu), dotando de arte o espaço público.

Fotografias: Daniel Ducci

Arquitetos: Boldarini Arquitetura e Urbanismo


 
 
 

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