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Urbanização do Complexo Cantinho do Céu – São Paulo, Brasil

  • Mateus Marcarini Zon
  • 20 de nov. de 2017
  • 3 min de leitura

Local: Cantinho do Céu, Grajaú, São Paulo, Brasil

Projeto: 2008

São diversas as conformações que compõem o espaço urbano da cidade de São Paulo e são inúmeros os desafios a serem superados para dotar determinadas áreas de qualidade e infraestrutura urbana. As formas de intervir na cidade e, especificamente, em assentamentos precários consolidados, pressupõe a adoção de alternativas de projeto que considerem as preexistências territoriais, em suas potencialidades e limitações.

Pensar e intervir nessas áreas, numa cidade como São Paulo na atualidade, é considerar, além das questões próprias de cada assentamento, as possibilidades de mobilidade daquela população com o restante da cidade.

O projeto de urbanização foi uma das vertentes utilizadas para não ter que haver, de maneira bruta, a desocupação da área, conforme determinava uma ação civil. Ademais por ser um espaço densamente ocupado, ambiente frágil e com grandes dimensões com acesso a uma represa, tornaram-se desafios no quesito projeto. Vários agravantes foram estudados e planos de viabilidade traçados até que se chegasse ao desenho final. A intervenção buscou ressaltar a importância do espaço público/coletivo juntamente a sociedade/cidade no que diz respeito a inclusão social. Qualificar o bairro a fim de dar condições dignas ao seus habitantes e a cidade como um todo. A valorização de elementos como: ruas, vielas, praças, parques – procura resgatar o sentimento de pertencimento à cidade como condição básica para o desenvolvimento das gerações futuras.

De forma para que tudo isso fosse botado em prática, alguns pontos foram frisados nos detalhes de projeto, tornando-se partido do plano de interação e valorização do bairro. Dentre eles, vale destacar: Preservação da vida, mediante a correção de todas as situações de risco identificadas. Integração urbanística entre as novas intervenções e o tecido existente, respeitada a autonomia tipológica decorrente as diferentes condições em que se produziram as unidades existentes. Complementação e adequação da infraestrutura urbana, com melhorias sanitárias, ambientais e de mobilidade em todo o assentamento. Universalização do acesso à infraestrutura e aos serviços urbanos e provisão adequada de equipamentos comunitários e áreas de lazer e esportes. Adequação urbanístico-ambiental do assentamento e das novas intervenções ao bairro como um todo. Geração de condições necessárias para a regularização fundiária do parcelamento do solo.

A necessidade de pensar na mobilidade e em uma maneira da falta de saneamento ambiental não prejudicar a região metropolitana de São Paulo foi crucial. Pensar nas conexões, eixos, revitalização de áreas e agir incisivamente em cada ponto. Além dos problemas ligados a infraestrutura urbana, a remoção de algumas construções foram feitas a fim de evitar a criação de áreas de risco e preservar os pontos de projeto de melhoria para o bairro. As construções ao lado da represa, por exemplo, foram retiradas a fim de integrar a comunidade juntamente a água.

As condições de acesso e mobilidade foram trabalhadas a partir da compreensão das estruturas viárias existentes para sua consolidação, e de um conjunto de propostas que procuraram integrar, articular e conectar os três loteamentos entre si e com a malha viária do entorno. Para tanto, novas ruas, vielas, escadarias foram propostas para garantir o acesso aos mais diversos pontos de interesse dentro do Cantinho do Céu e sua conexão com o entorno. Dessa forma o desenho das vias possibilitou um plano de hierarquia agindo como controlador de acessos e distribuição dentro do bairro. Ademais a própria mudança de paginação das vias: asfalto, concreto armado e intertravado, buscou abranger as diferentes necessidades junto aos moradores.

Os eixos de toda a intervenção são alinhados conforme dois pontos: conservação/preservação e lazer/recreação. Com isso a área compõe-se o de um conjunto de áreas destinadas à preservação e a usos diversos como lazer, recreação, esportes e contemplação. Pensando em todas as faixas etárias e acesso de toda a população ao equipamentos criados foram criados: pista de skate, caminhada nos eixos lineares, quadra, cinema, playgrounds, decks e demais espaços projetados que permitem outras apropriações. Algumas das edificações foram alteradas, em parte, no sentido de dar cores e ritmos integrando ao parque, a fim de criar paisagens com o ambiente natural. Já as áreas livres caracterizam-se como um sistema de áreas verdes com lazer e recreação, dessa maneira auxiliam na recuperação de pontos da encosta, preservando a margem da represa.

Esse projeto é um indutor urbano visto que é um espaço público que recebeu diversas intervenções e melhorias que visaram a utilização e qualidade de vida dos moradores. A intervenção promove a qualidade de vida dos moradores ao utilizar soluções projetuais que valorizam o lazer nos espaços remanescentes, inserindo-se funcionalmente à cidade. Medidas de preservação foram tomadas a fim de assegurar uma qualidade socioambiental. Os diferentes espaços criados, gerando ambiências, a reorganização e qualificação das vias, o posicionamento de novas edificações, preservação da margem e da represa em geral, foram de suma importância para reintegrar o bairro a toda a cidade de São Paulo.

Arquitetos: Boldarini Arquitetura e Urbanismo

Fotografias: Daniel Ducci, Fábio Knoll, SEHAB-PMSP


 
 
 

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